Muito se ouve falar no dever de atendimento aos princípios da Lei Geral de Proteção de Dados pelas organizações, em razão disso hoje irei destacar com vocês o princípio da qualidade dos dados.

Sendo assim, a maneira mais simples de começar é garantindo que todos compreendam o que de fato significa atender a esse princípio, nos levando ao conceito trazido na própria LGPD, de que a qualidade dos dados é a "garantia, aos titulares, de exatidão, clareza, relevância e atualização dos dados, de acordo com a necessidade e para o cumprimento da finalidade de seu tratamento".

Mas será que essa "qualidade" impacta somente na estruturação e manutenção de um programa de privacidade e proteção de dados? Claro que não.

O estabelecimento e manutenção da qualidade dos dados em posse de uma organização vai muito além da obrigatoriedade trazida na lei. A qualidade dos dados é fundamental para o bom desempenho das organizações, na medida em que aprimora o processo de tomada de decisões, pois possibilita que a alta direção decida com base em dados reais e riscos calculados, tornando-as mais assertivas e seguras.

A Corporação Internacional de Máquinas de Negócios (IBM) divulgou em 2016 um estudo que apontou uma perda de 3,1 trilhões de dólares anuais por parte das organizações dos Estados Unidos, pela falta de qualidade nos dados utilizados. Em estudo mais recente (2020) a Pesquisa Global de Gestão de Dados da Experian - realizada com profissionais do Brasil, Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, França e Austrália - apontou a perda de recursos e gastos adicionais gerados pela má qualidade nas informações em um patamar de 41%.

Ainda, a pesquisa supracitada indica que 2 em cada 5 organizações concluíram "não possuírem colaboradores convictos de que as métricas geradas a partir dos dados são realmente eficazes". Tal informação nos leva a outro estudo, desta vez realizado em 2022, pela Validity que é fornecedora líder em soluções de inteligência para e-mail marketing e gestão de dados de CRM.

The State of CRM Data Quality concluiu que:

  • 44% dos entrevistados estimam que a organização em que trabalham perde mais de 10% da receita anual em razão de dados de CRM de baixa qualidade;
  • 25% afirmam que a alta direção está ciente dos problemas de qualidade de dados, mas não oferece suporte a nenhuma iniciativa de solução definitiva;
  • 95% dos participantes declaram que problemas de qualidade de dados prejudicam seriamente a capacidade de tirar o máximo proveito do seu sistema de CRM;
  • Os entrevistados estimam que a qualidade dos dados de CRM se deteriorará em 34% até o fim de 2022, se as organizações não investirem em melhorias;
  • 56% das organizações sem colaboradores em tempo integral dedicados à qualidade de dados de CRM, têm planos ativos para contratar nos próximos seis meses.

Deste estudo da Validit é possível concluir que as organizações precisam com a máxima urgência adotar métricas, processos e mão de obra para garantir a qualidade dos dados que possuem, tendo em vista o impacto considerável.

Para finalizar, deixo como sugestão para as organizações que querem estabelecer, gerir e monitorar a qualidade dos dados que comecem implementando processo e políticas que visem atender e garantir:

  1. A completude dos dados com todas as informações relevantes;
  2. A conformidade dos dados, seguindo os padrões de registro (cadastros, contratos, preenchimento de campos livres e obrigatórios etc.);
  3. A precisão dos dados, contendo informações corretas e atualizadas;
  4. A consistência dos dados que estão registrados em mais de um local;
  5. A integridade, com controle de alterações (logs, por exemplo).

Mayara Pastor, especialista em Lei Geral de Proteção de Dados (ESMAFE-PR), Lead Implementer da Gestão da Privacidade da Informação (Baseado na ABNT NBR ISO/IEC 27701), Membro do Comitê Brasileiro de Segurança da Informação, Segurança Cibernética e Proteção da Privacidade (ABNT), Sócia e Coordenadora de Projetos da Égide Pro - Proteção de Dados e Compliance.




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